CAMINHO DE SANTIAGO
CAMINHO SANABRÊS
DIA 1
Bem cedo arrancámos de Braga, em direcção a Lubían (Espanha), com a excelente companhia que seria o nosso “motorista” Pedro. Na viagem começaram as aventuras, era preciso abastecer a nossa viatura… “na próxima”… “ainda dá”… “na próxima”… quase que tínhamos que empurrar o carro montanha acima. Veículo abastecido, lá nos dirigimos a Lubían. Carro descarregado, bikes prontas, sacos e mais sacos….
Dada a partida, parou um carro, onde um senhor nos informou que o caminho
original, devido às fortes chuvadas dos dias anteriores, estava impraticável,
devido à lama. Rota alternativa traçada. Estrada acima. Uiiiiiiiiiiiiii….. e
“bota acima nisso”… Parecia que nunca mais acabava. Nada que nos derrotasse.
Markito que é Markito não se deixa vencer com uma “simples” subida.
Finalmente
chegados ao topo, estávamos na fronteira entre as províncias de Zamora e de
Ourense.
Connosco tínhamos
trazido um etarra… perigoso combatente, guerrilheiro das montanhas.
Aí começou uma
fantástica descida entre o bosque, que rapidamente nos fez esquecer a íngreme
subida anteriormente vencida. Espectáculo. Só visto. Muitas vezes dissemos… “O
Matos aqui deliciava-se com esta descida!”.
Afinal para que
lado é?
Qualquer coisa servia para
descansarmos, dar à treta ou trincar amendoins.
Não, não me transformei em burro, eu
estou a tirar as fotos. Caso houvesse duvidas! J
Continuamos depois por
zonas rurais, e já por esta altura dizíamos, “Este caminho é espectacular!”.
Entramos num campo agrícola, onde com muito cuidado, abrimos e fechamos a
cancela. Ao atravessar esse campo agrícola, e por um caminho estreito de
pedras, o Max, tanto olhou para um buraco que chegou ao ponto de dizer “Agora
vou….” E foi! Roda no buraco e “PUM!”… Pneu furado.
Bem… com tanto
trabalho, deu-nos a fome. Toca a montar a tenda e comer. Markito que é Markito
quer-se bem alimentado! Lá teve que ser! Já eram mais ou menos 13:00h. E
adivinhem quantos quilómetros tínhamos feito…. 16Kms! Nem dava para acreditar.
Uma manhã inteira e tínhamos feito 16Kms. Repito! 16Kms! J J J
As nossas amigas
também têm direito ao descanso!
Já abastecidos de
combustível, de barriguinha cheia, continuamos a nossa viagem. Por campos e
paisagens fabulosas lá íamos trilhando kms. Chegados a uma povoação,
encaminhava-se uma manada de bois em direcção a nós… mais propriamente a mim.
Até que um boi, preto, enorme, mas enorme mesmo, parou a olhar para mim. O Max
e o Ricardo bem diziam… “Anda, passa ao lado…”. Mas eu não tinha percebido bem,
quem é que estava com mais medo de quem. Até que o boi preto decidiu avançar um
muro de um terreno e atirar-se para o campo que ainda era uns metritos alto.
Claro, que isso foi fruto do meu olhar valente nos olhos do boi. O chamado
olhar fulminante. Era grande mas não era grande coisa. Sorte a minha. Ufa!
Continuando
viagem, já começávamos a pensar em aumentar um dia na programação da viagem. Em
princípio estava, previstos 3 dias. Mas com o andar da carruagem, nunca
chegaríamos a Santiago de Compostela no prazo previsto, a andar no nosso ritmo.
Ao ritmo dos Markitos. Ritmo calmo, divertido, desfrutando da paisagem e da
companhia. Como o Ricardo não trabalhava no feriado, então aumentamos para 4
dias de viagem.
Paisagens fantásticas, não me canso de
o dizer. Caminhos muito bonitos, às vezes um pouco difícil de ultrapassar em
cima dela… da bike, claro!
Chegamos
a La Gudinã, carimbamos a credencial e para mal dos nossos pecados, começa a
chuviscar. Decidimos vestir os impermeáveis.
Entre
La Gudiña e “Embalse de as Portas” acontece o imprevisto… Começou a nevar. Sim…
a nevar. Até isso deu para fazermos a festa. Tudo serve para nos divertirmos.
Depois
de fazermos alguns kms nessas condições, a subir bem se fazia, mas quando
começou a descer, tinha parado de nevar, mas o frio continuava. Brrrrrr…..
estava frio. Devíamos estar num dos pontos mais altos da nossa viagem.
Bem, para aquecer a viagem, fomo-nos abrigar um pouco numa paragem de autocarro. O Ricardo ao entrar na paragem, e já com a bike à mão, fura. O Ricardo não, o pneu da bike do Ricardo. Como tem liquido anti-furo, decidiu-se só encher para ver se remediava. Mas não. Não remediou, e lá tivemos que mudar a câmara de ar.
Haja alegria, mas
quem trabalha são sempre os mesmos… J J J!
Continuando
a subir a caminho da “Embalse da as Portas”, a paisagem era bonita.
Momentos
divertidos lá no alto!
Mais
um imprevisto na viagem. O Ricardo tinha os “albergues” a tocar na roda de trás
da bike. Markito que é Markito, arranja sempre solução, com a ajuda divina,
claro está, do Apóstolo Santiago de Compostela.
Já não bastava o peso do Ricardo em cima da bike e dos “albergues”, ainda se tinha de arranjar uma solução um pouco pesada para solucionar a situação. Uma verga dobrada a fazer de mola impedia os “albergues” de tocarem na roda. 5 estrelas. Problema solucionado.
Carrega
Ricardo!
Pés ao caminho
que se já faz tarde. Depois de uma descida mais que técnica, nunca tínhamos
feito uma descida tão técnica. Digna de pilotos de trial… quase! E com piso
molhado ainda se tornava mais perigosa. O chão rochoso, escorregadio, tinha
pedras em forma de lâminas. Já em Campobecerros disseram que tinha caído um
ciclista nessa descida e se tinha cortado todo. Indo parar ao Hospital.
Mas
tudo se passou bem. Chegados a Campobecerros, decidimos ficar no albergue lá da
aldeia. Estava quase a escurecer e não sabíamos o que ainda faltava para o
próximo.
Esperava-nos um
albergue enorme só para nós os três. Era uma antiga estação dos comboios,
restaurada e aproveitada para albergue. Um luxo!
Banho
tomado, vamos ao que interessa. Alimentar e bem estes corpinhos de peregrinos.
Nesse aspecto, Markito que é Markito tem obrigação de o alimentar bem!
Tínhamos
combinado com tasco onde fomos reservar o albergue que voltaríamos para
satisfazer as nossas expectativas do famoso Caldo Galego.
E
foi melhor que o previsto. Barrigada pela certa. Fomos presenciados com um
autêntico banquete. Fomos muito bem tratados, como quase sempre.
De
volta ao nosso Hotel, tínhamos o quarto tão quente, que até nem eram precisos
os cobertores nem sacos cama…. Até ao momento que se desligou o gerador.
Começou a arrefecer tanto, que tivemos que recorrer dos cobertores das outras
camas. Dormimos como lordes!
Fim
do Primeiro Dia!